Escutava apenas vozes longe. Escutava a morte vindo me buscar. Sentia o cheiro de defunto no ar. Era a minha vez de partir. Todos esses anos evitei a morte. Todo o tempo quis ser mais forte do que ela. Evitei, esnobei, me amaldiçoei eternamente. Mas mal sabia eu, que estava cavando meu próprio túmulo. Mal sabia eu, que a cada alma que tirei, estava agora me chamando. Estou condenado. Mas, não vou ter o privilégio de muitos. Descansar em Paz. Agora narro nos meus últimos segundos de vida, se é que tive alguma. O meu arrependimento, minha amargura, meu terror. Como? Sempre pensei quando seria minha partida. Tão dolorosa. Tão sádica. Tão atormentadora. Assim como eu fui toda a minha vida. Me deixaram ali, a mercê. Não se preocuparam comigo. Me deixaram morrer. Sei que fui mal, mas poderiam me socorrer. Talvez, estejam certo, o certo e me deixa morrer. Talvez se eu tivesse um amor? Seria um refugio?
By Joe Carneiro