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POEMA: O VALE DA MORTE

Escutava apenas vozes longe.
Escutava a morte vindo me buscar.

Sentia o cheiro de defunto no ar.
Era a minha vez de partir. 

 

Todos esses anos evitei a morte.
Todo o tempo quis ser mais forte do que ela.
Evitei, esnobei, me amaldiçoei eternamente.
Mas mal sabia eu, que estava cavando meu próprio túmulo.
Mal sabia eu, que a cada alma que tirei, estava agora me chamando.
Estou condenado. 
Mas, não vou ter o privilégio de muitos. Descansar em Paz.

Agora narro nos meus últimos segundos de vida, se é que tive alguma.

O meu arrependimento, minha amargura, meu terror.
Como? Sempre pensei quando seria minha partida.
Tão dolorosa. Tão sádica. Tão atormentadora. 
Assim como eu fui toda a minha vida.
Me deixaram ali, a mercê.
Não se preocuparam comigo. Me deixaram morrer.

Sei que fui mal, mas poderiam me socorrer.

Talvez, estejam certo, o certo e me deixa morrer.
Talvez se eu tivesse um amor? Seria um refugio? 
Vou aceitar a morte.
A cada suspiro, meus batimentos caem.

Minha audição se foi.

Minha noção da realidade também se foi.
Minhas pupilas dilatadas tremem querendo se fechar.
É a hora. Queria que minha mãe estivesse aqui.
Queria que meu pai me tirasse daqui.
Queria viver mais, juro que não faria mais o mal.
Bom, é tarde para isso.
Pai, me encontre no meio do rio.
Mamãe, eu vou lhe encontrar em qualquer lugar... 

Vou lhe seguir Morte. Eu não temerei mal nenhum. 
As minhas vitimas estavam no fim do Vale, daquele vale.
Eram tantos. Eles me olharam, e estenderam a mão para mim.
Como se me acolhessem. Fechei os olhos. E simplesmente morri.
Escutei gritos. Gritos abafados de terror.   
Tive certeza de algo. Eu  não estava no paraíso, estava longe de ser...
- Jhonnatan Carneiro

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