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TEXTO: Doce Sampa

Esse texto foi escrito dois dias antes de me despedir de São Paulo. 


É quase uma da manhã de uma sexta-feira escandalosa e abafada em São Paulo. Talvez pelo excesso de poluição sonora e ambiental que é tão explícita. Estou na Avenida Paulista, pelo horário ainda há muita gente, algumas indo e vindo do trabalho, outras a procura de sexo e cerveja barata. Em alguns lugares sinto um cheiro forte de urina e prostituição.

Há também muitas luzes, muitos carros, muito barulho. Reparo em um casal brigando, do outro lado um mendigo adormecido. Bem ali jovens bebendo e curtindo sua farra noturna. Para deixar o texto bonito eu poderia dizer que estou andando e contemplando tudo, com uma forma ficcional, relatando a beleza, mas não estou. Do meu lado, está Cláudio (um morador de rua) ele tem um rádio antigo soando uma canção do Willie Nelson que eu ainda estou tentando decifrar qual canção é. Não tenho muito assunto com ele, mas tem sido um bom local pra escrever isto.

Na Avenida Paulista o primeiro lugar que imaginei como seria morar numa cidade gigantesca, e onde também realizaria tantas coisas.

Lembro da primeira vez em que a conheci, puxa... era maravilhosa, e ainda é. O Comediante (Um amigo meu) me apresentou pra ela. Conheci um lugar rústico que tinha DVD’s antigos, Vinis, Buttons, posters a la super-homem do Christopher Reeve estampado na parede. Era fantástico, sem dúvidas. Visitei a Toy Show e meus sonhos de criança reacenderam, como numa chama no carvão. FIgure actions de todos os modelos e personas, meus olhos contemplaram tamanho vislumbre.
Foto: Urban Arts

Visitei a maior livraria (na minha humilde opinião) e fiquei abismado com tanto conteúdo. Consegui empilhar mais livros não lidos do que lidos na minha estante. Um mundo dentro de Sampa. Conheci autores que me deram dicas, realizei sonhos de conhecer diretores e roteiristas e ter um Feedback bem cabeça com eles. Assisti estreias de blockbusters. Trabalhei em um lugar onde conheci pessoas que levarei para sempre comigo. Fiquei bem bobão por pegar o metrô, alguns me estressaram, mas eu pensava “como é que um negócio desse anda tão rápido assim?”. Consegui abrir a minha mente, e não só a pensar em mim, mas nos outros como no todo também.

Visitei lugares em que eu só tinha visto em meus sonhos, tive um amor platônico... que idiota. Eu conheci o mar, pra que ser tão salgada? vem e vai, vai e vem

Eu me lembro uma vez em que tomava um sorvete sentado numa calçada e eu olhava todo o movimento dessa cidade, como agora, e a rotina não muda, a correria, a pressa tão inusitada. Me esbarrei em influencers (a maioria babacas). Assisti ao Oscar com os amigos, e ganhei uma aposta, esse dia foi louco.

Expandi meus conhecimentos, com cursos que só aqui pode oferecer, suguei ao máximo e melhorei, modéstia à parte, minhas obsessões.

Mas aprendi a valorizar muitas coisas, a vida, mesmo sabendo que muitas vezes ela me esculachava, eu passei por uns perrengues, chorei, pensei em desistir, não uma, várias vezes. Fui humilhado, foi honrado, brinquei, e tudo isso expandiu a minha mente, meu império de ideias.

Você pode estar me repreendo por esse texto, mas eu não dou a mínima, Bukowsky já dizia “Se não for, nem tente”.

Agora, uma nova jornada se inicia, espero. Mas as lembranças nunca irão ser esquecidas, eu as levarei comigo pra qualquer lugar, mesmo que seja para milhares e milhares de milhas adiante, e jamais deixarei falarem mal delas, porquê foi aqui que eu aprendi a dar valor no que a muito tempo não compreendia.

Minha querida São Paulo, Sampa ou Doce Sampa, eu voltarei, e da próxima vez com muito mais força e tesão por você.

Com amor, Jhonn.
12/01/2019, AV. Paulista, SP.

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